Videbula – Episódio 6: Desmistificando a fibromialgia
🎵 ABERTURA: Sobe Som 🎵
Assim como: Oi, pessoal! Bem-vindos ao VideBula, seu podcast de saúde e aquele guia amigo pra te ajudar a entender assuntos que todo mundo deveria conhecer. Eu sou Patrícia Serrão.
Raíssa: E eu sou Raíssa Saraiva. No episódio de hoje vamos falar sobre a fibromialgia, uma condição crônica conhecida principalmente pela dor, mas que tem todo um leque de sintomas.
Assim como: Quem vai nos explicar melhor sobre o tema é a neurologista Ana Luíza Araújo, do Hospital Israelita Albert Einstein.
🎵 SOM DE TRANSIÇÃO
Raíssa: Ana Luíza, explica pra gente o que é a fibromialgia.
Ana Luíza: Então, a fibromialgia é uma síndrome crônica. Quando a gente fala em síndrome, ela tem um conjunto de sintomas e de condições que juntas formam aquela doença; e crônica porque ela precisa permanecer por longo prazo. Então a síndrome crônica aqui, o fator principal é a dor. As pessoas sentem muita dor. Uma dor músculo-esquelética, quer dizer, uma dor muscular ou nas articulações e que afeta o corpo todo, uma dor difusa. E tem a ver com a alteração do processamento no sistema nervoso central. Então não é uma dor de características periféricas, ou seja, que vem dos nervos, mas sim do processamento que acontece lá dentro do cérebro.
Assim como: E quais são os outros sintomas além da dor?
Ana Luíza: A pessoa tem muita dor, tem uma fadiga intensa, tem distúrbios de sono, tem também comprometimento cognitivo que pode vir caracterizado por alteração de memória, dificuldade de se concentrar, de pensamento. E frequentemente correlação com doenças psiquiátricas, com alterações de humor, principalmente depressão e ansiedade. Então, esse conjunto de sintomas é que caracteriza fibromialgia.
Raíssa: Com todos esses sintomas, parece difícil diagnosticar. Quais são os critérios que definem se a pessoa sofre de fibromialgia?
Ana Luíza: São critérios clínicos, a maioria deles subjetivos. Então, houve vários estudos para tentar definir um conjunto de critérios para nos ajudar a guiar o raciocínio clínico.
Ele pontua a quantidade de dor generalizada, o número de áreas que o paciente tem dor. Então, a gente conta as regiões do corpo, são regiões de ombros, quadris, mandíbula e costelas. A gente vai contando ali aqueles pontos dolorosos nos últimos 7 dias, então esse número quando ele é maior ou igual a 7, juntamente com a gravidade dos outros sintomas associados que eu comentei.
A gente pontua também a gravidade desses sintomas associados e, somado a isso, a gente cria esse score para poder ter mais argumentos para dizer que é a fibromialgia. Além disso, com essa pontuação que a gente tem, esses sintomas todos juntos tem que estar presente em um nível ali semelhante, mais ou menos igual, por pelo menos três meses.
Assim como: E Ana Luíza, o que acontece no sistema nervoso que provoca essas dores generalizadas?
Ana Luíza: O principal se chama de sensibilização central, ou seja, é uma alteração da função. Há um aumento da excitabilidade dos neurônios, ou seja, os neurônios ficam mais ativados, os neurônios que tem a ver com as vias de dor. Então, a gente tem uma resposta maior a estímulo doloroso do que uma pessoa normal, que chama hiperalgesia, ou seja, um toque que poderia fazer um uma sensação normal numa pessoa sem fibromialgia, na pessoa que tem fibromialgia o sistema nervoso central age de maneira muito maior e essa pessoa com estímulo comum sente dor. E essa dor também pode ser desencadeada por outros estímulos que não teriam nenhuma condição de causar dor. Então essa resposta amplificada é essa sensibilização central que tem a ver com essa disfunção dos neurônios. Além disso, também é uma disfunção de neurotransmissores. Então aqueles que diminuiriam a dor são menor quantidade, e aqueles que aumentam a dor acabam ficando em maior quantidade dentro do nosso cérebro.
Raíssa: Qual é a especialidade que trata a fibromialgia?
Ana Luíza: Por ser uma doença de múltiplos fatores, a gente também pode considerá-la como multiprofissional. Então, qualquer médico clínico geral, médico de família, neurologista, ele pode fazer o diagnóstico. Mas geralmente o que está mais habituado por conta dos diagnósticos diferenciais das doenças que são mais parecidas é o reumatologista.
Assim como: A fibromialgia é uma doença considerada deficiência em muitos estados, mas tem gente que ainda diz que é frescura. Como combater esse estigma?
Ana Luíza: É, acho que a informação, né? Isso que vocês estão fazendo pra gente aqui, levar a informação ao público geral de que
existem alterações na estrutura do cérebro, na função dos neurotransmissores, que são as substâncias que circulam dentro dos nossos neurônios.
É uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo inteiro, né? Então, a gente ter essa informação e as pessoas serem acolhidas em relação a terem realmente uma doença ajuda muito no controle dos sintomas e no seguimento dessa pessoa. Não tem cura a princípio, mas tem uma melhora importantíssima da qualidade de vida por meio do tratamento.
Raíssa: E quais são os tratamentos?
Ana Luíza: Primeiro envolve essa educação do paciente, explicar as causas, explicar o mecanismo de dor central, discutir com eles maneiras de controle comportamental, como higiene do sono, para melhorar a qualidade do sono; incentivá-los que façam atividade física, então atividade física aeróbica é muito bom; a terapia psicológica, sessão de terapia cognitivo-comportamental ajuda bastante. Então essas são medidas não farmacológicas, que não envolvem remédios e podem ser utilizados em primeira mão e para todos os pacientes. A gente pode ficar só nelas, se os sintomas forem leves, mas se realmente já tem um impacto na vida da pessoa, já tem outras doenças correlacionadas, aí sim, a gente precisa também iniciar algum medicamento. E aí os medicamentos vão ser direcionados de acordo com o sintoma, né? O médico vai precisar avaliar se a dor é o predominante, se a depressão é o predominante, se é a alteração de sono, para escolher a melhor estratégia.
Assim como: No próximo episódio, a dra. Ana Luíza volta para falar da Síndrome da Fadiga Crônica,
Raíssa: Outra condição clínica muito desacreditada pelas pessoas em geral.
Pati: E que também eu e Raissa temos um amplo conhecimento.
🎵 SOM DE TRANSIÇÃO
Assim como: Esse foi mais um VideBula, podcast idealizado e apresentado por mim, Patrícia Serrão, e por Raíssa Saraiva.
Raíssa: A edição é de Bia Arcoverde. Na operação em Brasília ???.
Assim como: E no áudio e sonoplastia no Rio, Toni Godoy.
Raíssa: Queremos saber o que vocês estão achando do programa. Mandem seus recados para [email protected].
Assim como: O Videbula é uma produção original da Radioagência Nacionalum serviço público de mídia da EBC, a Empresa Brasil de Comunicação.
Raíssa: Você pode ouvir outros podcasts da Radiogência naçãoal no site, nos tocadores de áudio e com interpretação em Libras no Youtube.
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Raíssa: Para mais informações, Videbula!
🎵 SOM DE ENCERRAMENTO